segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Algo sobre fazer nada.

É sempre assim: todos os finais de semana ao silêncio e ansiedade, tanto que já me acostumei a esperar e expressar a ansiedade de forma natural e inibida. Não da nem para notar. Escondia meu desespero em consecutivas xícaras de café, chás de todos os tipos, chocolates e literatura sobre o amor. Algumas coisas boas e outras baratas, tipo: psicologia poligâmica ou textos auto-biográficos de um perdido norte americano depois de hummilnovecentosevintenove.

Não sei o que esperar, tampouco o que estou esperando ou pra que esperar, aprendi a aguardar e simplesmente não me preocupar em saber. Há dias que, atualmente, simplesmente passam e não me preocupo em fazer nada demais para fingir que não perdi um dia da minha vida, é bem provável que fosse perder de qualquer jeito, a consciência é fácil de ser enganada. Pelo menos não preciso mais de tanto café e chocolate para perceber isso.

Havia várias maneiras de burla minha consciência. Me masturbar e pensar de forma machista para me sentir satisfeito; comprar qualquer coisa na internet e achar que realmente fosse necessário e resolver partes dos meus problemas; bisbilhotar a vida alheia; checar meu e-mail a cada dez minutos fingindo estar esperando receber algo importante a qualquer minuto; ou arrumar qualquer coisa para me lamentar com minha melhor amiga, pois tinha certeza que teria toda a paciência do mundo para me escutar.

Há dias em que nada acontece, pelos menos é bom saber que tenho força e arbitrariedade sobre boa parte das minhas decisões e controle e manejo sincronizado com minha imaginação. A espera já se tornou parte da minha rotina, é tão fácil esperar quando subir a Al. Campinas, que a três anos atrás parecia uma eternidade que se repetia todos os dias. Não vão ser dias ou meses que vão mudar minha vida, serão anos. Vou saber que mudei assim que pensar em coisas que aconteciam a três anos atrás e talvez me sintir melhor, arrependido ou até inconformado por ter esperado tanto sabendo que poderia ter corrido atrás a qualquer momento antes que fosse irreparável ou perdido de vez. Porém, nunca vou deixar de pensar em que há dias que nada acontece.






Joaquim Prado.

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